Escola Municipal São José

A Escola Municipal São José possui, para o município de Rio Pomba, valor educativo, afetivo e histórico. Uma das mais antigas instituições de ensino, ainda em funcionamento, teve sua pedra fundamental lançada em 15 de novembro de 1912 e sua inauguração no ano de 1915. Foi uma realização que contou com o inestimável trabalho do Dr. José Neves, que, no intuito de trazer melhorias para o município, foi em busca de sua fundação.

Fonte: Museu Histórico de Rio Pomba – CAPRI, Roberto. Minas Gerais e seus municípios (1916, p.133).

Inicialmente, o nome da escola era Grupo Escolar Francisco Peixoto, mais adiante no tempo, foi chamada de Grupo Escolar São José. A escolha do nome pode ter-se dado a uma multiplicidade de fatores. Ao passo que fazia memória ao santo pai adotivo de Jesus de Nazaré, a quem foi confiada a educação do menino Deus, homenageava, também, o Dr. José Neves e a tantos “Josés” que passaram por sua direção, como José Carlos de Noronha, José Marcelino do Nascimento Ribeiro e José Borges de Morais.

Desde 1997 a escola é administrada pelo município, sendo, por isso, tratada como Escola Municipal São José. Atualmente atende os anos iniciais do Ensino Fundamental.

A educação e a intelectualidade
em Rio Pomba

Atrelado ao processo de colonização, encabeçado pelo Padre Manoel de Jesus Maria, havia também um projeto de educação e formação dos índios. É neste sentido que as primeiras iniciativas educacionais implementadas na, ainda Freguesia do Mártir São Manoel do Sertão do Rio Pomba e Peixe dos índios Cropós e Croatos, tinham fortes relações com a catequização. A Casa dos Índios era um destes espaços destinados ao ensino da cultura, língua e religião dos colonizadores. Aos sábados, era comum que o Padre Manoel se prontificasse a tal tarefa.

Antiga “Casa dos Índios” situada à Rua de Trás em Rio Pomba

Até 1847 a escola do Padre Antônio Gonçalves Nunes era a única escola primária provincial da vila, mas a partir desta data foi criado, também, a escola secundária. Além destes espaços formais da educação, outros tantos, representavam a valorização cultural e educacional de Rio Pomba ao longo de sua história. As bibliotecas, os clubes, como o famoso clube Jerônimo de Souza, elogiado pelo próprio Imperador Dom Pedro II, eram espaços de acesso e formação cultural. Claro que estes locais não eram para todos, sendo restrito a uma elite letrada. Rio Pomba, como todas as cidades marcadas pelo colonialismo, trazia em suas veias a marca da desigualdade e segregação social e racial.

Com o fim do Período Imperial em 1889 é instalada a República do Brasil. As décadas seguintes são de um intenso processo de legitimação republicana. A educação se tornou um dos mais importantes pilares de sustentação deste novo regime que surgiu, não sem oposições. Buscou-se a formalização do ensino, o alinhamento de práticas pedagógicas, a busca pela ampliação do acesso à educação, sobretudo atingindo as camadas mais pobres da sociedade. Foi em meio a este “caldeirão” de novas ideias que o grupo São José surgiu.

A construção

A localização do novo colégio era de importância significativa, visto que se tratava, também, de um prédio com beleza que merecia destaque. Neste sentido, foi construído em local central, na Avenida Dr. Luciano Rangel, atual Avenida Dr. José Gonçalves Neves.

Abertura da Rua Dr. José Neves. Ao fundo construção das instalações da distribuidora de energia elétrica e do Grupo Escolar São José. 1913. Autor desconhecido. Acervo do Museu Histórico de Rio Pomba.

Tratava-se de uma obra suntuosa, composta por dois pavimentos, marcada por elementos de modernidade e, ao mesmo tempo, expressava a preocupação do poder público com o acesso à educação.

Os custos da obra foram quitados em parceria do Município com o Estado, no valor de 80:000$000. Um custo deveras alto naquele momento, uma vez que as despesas anuais do município giravam em torno de 54:000$000

Educando para o mundo

A escola tem um papel que é, fundamentalmente, importante para a formação do ser humano: o de Colocar-nos diante da amplitude do mundo e, assim, nos levar a perceber que, como bem dizia o professor José Borges de Moraes, “O mundo não termina na rua da estação!”. As vezes queremos que termine, pois, grande como é, esta bola azul que nos acolhe e que chamamos de mãe Terra, por vezes, nos assusta. É em meio a estes tantos medos, que pequeninos como somos em idade escolar, nossos professores surgem como guias para o externo.

Imagem disponível no Google Maps. – Data: Maio de 2016

A escola São José não termina em seus muros amarelos, nem em sua belíssima e suntuosa fachada. É por meio de seus alunos que ela se transforma numa espécie de afeto educativo, que se torna presença no mundo. Se a Escola São José fizesse hoje a tradicional “chamada”, os “presente professora!” ecoariam de cada cantinho de Rio Pomba, até os vastos cantões do mundo, pois seus alunos, como semente, germinam perto e distante, frutificam os caminhos por onde passam com o que de bom aprenderam ali, na sala de aula.


BIBLIOGRAFIAS

CAPELLE, Rosa Vidigal Santiago , “Descontinuidades e signficados do Projeto Educativo do Municipio de Rio Pomba/MG: O processo de escolarização em análise (1912-1956). Tese (Doutorado em Educação) Universidade de Lisboa, Lisboa 2011.

CAPRI, Roberto. Minas Gerais e seus Municípios. São Paulo: Pocai, 1916

SANTIAGO, Sinval. História de Rio Pomba. 2 ed. Rio Pomba: Município de Rio Pomba, 2016.

YAZBECK, Dalva Carolina (Lola) de Menezes e CAPELLE, Rosa Vidigal Santiago. REFORMA DE 1927 E AS PRÁTICAS DO COTIDIANO DOS GRUPOS ESCOLARES EM MINAS GERAIS. Texto extraído da Pesquisa : O Estado e a Educação Básica em Minas Gerais : O Nascimento dos Grupos Escolares(1907 – 1960) NESCE / FACED/ Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.